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O fato de o Brasil ser líder mundial no setor do agronegócio faz com que a dependência de insumos importados seja constante e crescente, e dentre estes insumos, os defensivos agrícolas ganham cada vez mais espaço. No segundo trimestre de 2021 foi registrado um crescimento de 12,3% na área tratada com fitossanitários, resultando no total de 175,2 milhões de hectares tratados com 113,3 mil toneladas de defensivos.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a porcentagem de 12,3% representa um aumento de 19,1 milhões de hectares, em comparação com o segundo trimestre de 2020, quando foram tratados 156 milhões de hectares utilizando 101,9 mil toneladas de defensivos.
Dentre os principais agroquímicos utilizados, foi observado um aumento no uso de:
• Fungicidas 17,4 mil para 21,9 mil toneladas (25%);
• Herbicidas 38 mil para 47,7 mil toneladas (10%);
• Inseticidas 33 mil para 35,6 mil toneladas (8%).
Junto com o crescente aumento na utilização de tratamentos químicos nas lavouras, temas como ESG, segurança alimentar e do alimento, e sustentabilidade, seguem ganhando força, uma vez que consumidores e empresas buscam, cada vez mais, buscam opções que ofereçam mais qualidade alimentar, e menos riscos, tanto para a população quanto para a fauna e flora.
Em contrapartida ao uso de defensivos químicos, pequenas, médias e até grandes propriedades agrícolas vêm utilizando um modelo que oferece vantagens no combate às pragas, e também um manejo mais eficiente e econômico: os defensivos agrícolas naturais.
É um modelo de proteção que já existe há muito tempo, e que está em expansão em todo o mundo, inclusive no Brasil, ganhando impulso em vários setores empresariais e instituições públicas de pesquisa agropecuária, com crescimento de cerca de 16% ao ano no mundo.
Neste texto você vai saber sobre:
• Defensivos agrícolas naturais: definição e aplicação;
• Manejo Integrado de Pragas;
• Defensivos agrícolas naturais x defensivos agrícolas químicos.
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São chamados de defensivos agrícolas naturais, ou Agentes de Controle Biológico (ACB) organismos microbiológicos, como bactérias, fungos e vírus, e organismos macrobiológicos, como parasitóides e predadores.
Formigas e joaninhas são exemplos de predadores macrobiológicos, pois se alimentam de outros insetos que são prejudiciais para a plantação, como o pulgão. Exemplos de defensivos microbiológicos são fungos nematófagos predadores, utilizados no combate aos fitonematoides, que parasitam mais de mil espécies de plantas, e causam muitos prejuízos.
Sendo organismos que já são adaptados à natureza, os defensivos naturais não oferecem riscos toxicológicos ao ambiente, ou a seres humanos, e geram benefícios para a lavoura ao possibilitar uma produção sustentável.
Porém, é preciso ter muito cuidado na aplicação destes agentes de controle. Apesar de não oferecerem riscos, é preciso que sejam vistos como um produto natural, e como todo produto, devem ser estudados antes de serem aplicados.
Para que a tomada de decisão seja feita de forma mais segura, o agricultor ou produtor pode implementar periodicamente um programa de monitoramento integrado de pragas na região. Desta forma a ameaça será identificada corretamente, de forma mais rápida, e combatida de forma apropriada.
Um programa de Manejo Integrado de Pragas, ou programa de MIP, começa com a identificação das pragas mais importantes, ou pragas-chave. Para isto, é importante que o agricultor ou produtor seja capaz de identificar plantas daninhas, artrópodes e doenças.
É importante que os profissionais envolvidos nos processos de decisão passem por treinamentos periódicos para que sejam capazes de identificar com exatidão os agentes causadores de problemas, bem como os macrorganismos benéficos que estejam presentes na área.
Para o sucesso do programa e da lavoura, é de suma importância que o monitoramento aconteça também de forma periódica, de acordo com a avaliação dos profissionais responsáveis pelas tomadas de decisão.
Através do constante treinamento e da identificação exata das ameaças, os profissionais serão capazes de determinar qual a estratégia que será adotada, e quais os defensivos que serão utilizados: defensivos agrícolas naturais, ou químicos.
Mas, se o tratamento natural não oferece riscos à lavoura e à população, e pode ser encontrado na própria natureza, por que se investe tanto em defensivos químicos?
A diferença entre defensivos naturais e defensivos químicos é bem clara: o primeiro se utiliza de parasitóides e predadores naturais para o controle biológico de pragas, garantindo mais qualidade para o produto e para o cliente. O segundo é criado através de processos químicos ou sintéticos, demandando extrema atenção quanto aos limites máximos permitidos, podendo causar problemas de saúde para produtores e consumidores.
Apesar da expansão do mercado de agentes naturais para controle biológico, e da constante preocupação com saúde alimentar e do alimento, o sistema agrícola vigente no Brasil é caracterizado por grandes áreas com as mesmas culturas, o que acaba demandando uma resposta mais rápida no combate às pragas. Quando comparamos as vendas de defensivos agrícolas naturais e químicos no Brasil, vemos que os químicos possuem a preferência de muitos produtores e agricultores, que já têm uma opinião firme com relação ao tratamento fitossanitário químico.
Porém, mesmo com a cultura de se usar defensivos químicos, o produtor/agricultor pode, aos poucos, fazer testes com tratamentos naturais em sua produção, e comparar a eficácia dos dois, tanto em termos de manejo quanto em termos de qualidade.
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Até a próxima semana!