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Com o estoque de fertilizantes no Brasil previsto para durar até junho deste ano, produtores rurais se vêem diante de um desafio: manter a produção em funcionamento, com qualidade e segurança. 

 

Como citado no post sobre os impactos que o conflito no leste europeu causa no agronegócio brasileiro, é importante produzir dentro da legalidade, seguindo as legislações vigentes, com produtos registrados, mantendo a qualidade para o cliente, seja ele indústria, comércio ou consumidor final.

 

Com o mercado atento às questões ESG, é importante que o produtor rural reforce o uso das diretrizes das Boas Práticas de Fabricação, e das Ferramentas da Qualidade

 

Porém, com o Brasil sendo o quarto maior consumidor de fertilizantes, e tendo a aplicação de 40% destes produtos somente na cultura de soja, de acordo com a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, este momento de incerteza pode ser uma oportunidade para a aplicar métodos de produção mais sustentáveis, que trazem benefícios para todos, principalmente o meio-ambiente. 

 

Tratamentos com bioinsumos, hidrogênio verde, microrganismos de áreas saudáveis para áreas danificadas e a aplicação da agricultura regenerativa, são alternativas que já estão em uso e podem ser uma saída para contornar a crise dos fertilizantes. 

 

Continue a leitura para conhecer mais sobre alternativas para produção sustentável em meio à crise. 

 

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Embrapa e o uso consciente de fertilizantes

Antes de começar a falar sobre as saídas para driblar a crise atual, pesquisadores da  Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) irão auxiliar produtores rurais em 30 polos de produção em 9 macrorregiões do país. 

 

A ação, batizada de Caravana Embrapa FertBrasil, será lançada pelo Governo Federal e é uma medida para curto e médio prazo do Plano Nacional de Fertilizantes, para a redução externa de fertilizantes e tecnologias, diante do cenário atual. 

 

O propósito da Caravana, segundo Celso Moretti, presidente da Embrapa, é conscientizar lideranças das cadeias produtivas, juntamente com técnicos, multiplicadores e consultores para ajudar o Brasil a passar pela crise causada pelo conflito no leste europeu.

 

Segundo Celso, o projeto irá promover a troca de conhecimento entre os institutos envolvidos na Caravana e os produtores rurais, para reforçar a interação entre pesquisas tecnológicas e a produção rural. 

 

Outro propósito do projeto, é promover ações que gerem impacto imediato e que sejam adotadas para gerar uma economia de até 20% na utilização de fertilizantes no país, impactando na safra 2022 e 2023 com economia de até um bilhão de dólares para o setor de produção rural. 

 

Serão tratadas também questões de manejo de solo e água para que seja feito o uso racional de fertilizantes e estas questões serão padronizadas pela Embrapa, adaptadas para diferentes biomas nacionais.

 

O projeto também irá tratar das questões de vivência diária do produtor rural, as dificuldades encontradas no cotidiano, de maneira tornar efetivas as ações propostas pelo Plano Nacional de Fertilizantes. 

 

Dentro deste contexto de transferência de conhecimento e práticas econômicas, podemos dizer que a utilização de bioinsumos, ou defensivos agrícolas naturais, é uma prática que já vem sendo utilizada. Mas será que é capaz de suprir a necessidade do agronegócio brasileiro? 

 

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Bioinsumos podem ajudar? 

Apesar de serem uma solução mais barata e sustentável, a diferença entre a utilização de bioinsumos, ou defensivos agrícolas naturais, e defensivos químicos é gigantesca.

 

Maciel Silva, coordenador de produção agrícola da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), revelou em entrevista para o Canal Rural que: “Falar de fertilizantes químicos é falar de toneladas, enquanto, ao falarmos de biofertilizantes, estamos falando de quilos.”. 

 

É um mercado em expansão, porém, de forma lenta. Em 2019, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a utilização de biodefensivos apresentou potencial de crescimento de 20% por ano. Sendo assim, Maciel Silva acredita que é preciso calma para tratar este ponto, pois existem diversas variáveis, como: 

 

Produtividade química x biológica: o Brasil não tem capacidade de se manter apenas com defensivos biológicos, devido a questão da produtividade agrícola do país. Para tal, ou pelo menos, para haver determinado equilíbrio, os defensivos naturais deveriam ter forte presença no agronegócio há muito mais tempo;

 

Transferência de conhecimento: apesar de termos estudos e conhecimento sobre a eficácia de bioinsumos, é preciso expandir esses estudos para transferir para o produto e poder auxiliar o produtor rural na aplicação dos defensivos. 

 

Vale lembrar que quando se fala em bioinsumos, é preciso considerar também que estamos falando de macro e microrganismos que estão sendo retirados de um lugar e colocados em outro.

 

É preciso muito estudo para que a quantidade ideal desses organismos seja utilizada para que não haja desequilíbrio ecológico. 

 

Dentro do quesito de bioinsumos, é válido citar um estudo feito pela Embrapa em parceria com a Revbio, que consiste em levar microrganismos de áreas saudáveis para regiões de solo danificado.

 

A técnica que altera a microbiologia da rizosfera e da parte aérea das plantas que são cultivadas em solos degradados proporcionou melhora de 30% na produtividade da lavoura. Além da melhora na produtividade do solo, a metodologia visa uma nova abordagem na utilização de microrganismos no processo produtivo. 

 

Outra proposta que pode ajudar nesse momento de crise é a feita por uma startup holandesa, que tem um investidor e um fundador brasileiro no time. A proposta se chama agricultura regenerativa. 


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Agricultura regenerativa e produção sustentável

A prática consiste em recuperar o solo cultivado, tornando-o resistente às mudanças climáticas, mais saudável e mais produtivo, e consequentemente, mais lucrativo.

 

Nesse sentido, a regeneração do solo pode ajudar na fixação de CO2 no solo, o que ajuda a evitar as mudanças climáticas que eventualmente atingem a área produtiva. 

 

A princípio, a startup holandesa reNature está em projeto com a Nespresso, da Nestlé, para proteger a produção de café brasileira. Os produtores de café também se valem de recursos biológicos para proteger as plantações, como a utilização de braquiárias, capim usado em pastagens e que atrai inimigos naturais do bicho mineiro, que é uma ameaça para os cafezais. 

 

Na produção sustentável o produtor sempre deve se lembrar de ter atenção quanto às doses de medicamentos veterinários aplicados nos animais nos criadouros. Desta forma evita-se a contaminação e degeneração do solo, água e flora. 

 

É importante que o produtor rural se apoie nos órgãos oficiais para buscar todo o auxílio necessário, e se una a outros produtores para trocar experiências, se ajudando no processo, enquanto a situação permanece. 

 

Até a próxima! 

 

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Glauco Damasceno
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