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Quantas vezes já nos deparamos em um supermercado com frutas, legumes e verduras amassados, com pragas e até podres nas bancadas? Muitas vezes, o produto tem qualidade assim que é colhido, mas o transporte até o centro de distribuição não é feito de maneira correta, os produtos são armazenados fora das condições ideais, e essas práticas implicam nos problemas que já conhecemos. 

 

Com essas situações “fora da porteira” que o mercado de FLVs tem, o transporte de produtos de origem vegetal precisou evoluir continuamente para garantir a qualidade e segurança do alimento produzido. Continue a leitura e veja como essa evolução foi necessária e benéfica para a produção de alimentos. 

 

Leia também: Hortifrúti e supermercado: como reduzir desperdício e aumentar vendas

 

A evolução do transporte de frutos

O transporte dos frutos sofreu diversas mudanças durante os anos e algumas dessas mudanças ocorreram devido a crises sanitárias e doenças que devastaram plantações.

 

Temos as doenças mais comuns, que são encontradas em quase todos os frutos, seja um resíduo da praga, um fungo que coloniza um fruto ou uma bactéria que apodrece o fruto. Dentre eles temos:

 

A Mosca das Frutas

Ela ataca quase todo tipo de fruto, perfurando a sua casca e inoculando os ovos neles. As larvas eclodem e a partir desse momento começam a se alimentar do interior do fruto e reiniciando o ciclo, inoculando ovos em outros frutos próximos, aumentando significantemente a sua população.

 

A velocidade,capacidade de contaminação e reprodução de frutos pela Mosca das Frutas se tornou um grande problema para o transporte, principalmente no quesito exportação. A Mosca das Frutas é uma mosca endêmica e já foi espalhada para vários países.

 

Porém, medidas foram tomadas e hoje todo fruto exportado deve ser condicionado em câmaras frias antes e durante o transporte, pois nessas temperaturas a mosca não sobrevive, e assim se evita a disseminação e destruição dos frutos.

 

Vale lembrar que essa é uma praga de pós-colheita. Ela pode ser encontrada na produção, mas seu grande potencial de dano econômico é na fase de armazenamento e transporte.

 

Greening

Outro caso de grande impacto foi o Greening, uma doença bacteriana que é transmitida por um psilídeo, um pequeno inseto sugador que, ao entrar em contato com uma planta contaminada pela bactéria, contamina diversas plantas ao redor, e possui uma grande capacidade de disseminação e difícil controle com defensivos agrícolas.

 

O controle do Greening é principalmente feito de forma preventiva. Deve-se prezar pela utilização de mudas sadias e resistentes, junto com um bom trabalho de Manejo Integrado de Pragas (MIP). 

 

Outro ponto importante para o controle da doença é a eliminação das Murtas, plantas que são comumente utilizadas como cerca viva, mas que também são utilizadas como moradia pelo psilídeo, tanto que hoje é proibido o plantio dessa planta em zonas produtivas ou próximas a áreas de plantio de citros.

 

A entrada de veículos nas zonas produtivas também é controlada. Os tratores e implementos são higienizados antes e depois de entrarem no campo, passando por piscinas com produtos sanitizantes para limpeza dos pneus e por uma série de sprays na parte externa.

 

Para o transporte dos citros, são utilizados bunkers em uma distância segura da produção e os caminhões de transporte fazem a retirada nesses locais, longe da produção. Impedir a entrada de veículos na fazenda evita que restos culturais e insetos que estão no caminhão cheguem próximos às plantas produtivas.

 

Os padrões de qualidade de transporte e armazenamento foram desenvolvidos para evitar que os produtos percam sua qualidade, como se tivessem sido colhidos a pouco tempo antes de estar na bancada.

 

Continue a leitura para saber como transportar e armazenar corretamente os FLVs e evitar recall de produtos, perdas e contaminações. 

 

Separei dois textos recentes para você ler mais tarde:

Diretrizes das Boas Práticas de Fabricação

O que é qualidade?

 

Padrão de transporte de FLVs

Hoje, um dos maiores gargalos do agronegócio brasileiro é a logística. O transporte por ferrovias é limitado entre os estados, as rodovias são precárias e o trânsito dificulta mais este processo.

 

Somando esses fatores à falta de conhecimento e informação por um transporte bem-feito de alimentos de origem vegetal, surgem os problemas que já conhecemos.

 

O transporte de alimentos de origem vegetal segue alguns padrões, como por exemplo:

 

Quantidade de fruto por caixa;

Realizar o empilhamento correto dos frutos;

Acondicionar corretamente para garantir a ventilação entre os frutos;

Tempo que o produto ficará em transporte até chegar no destino, seja ele um centro de distribuição ou em um mercado para venda direta para o consumidor. 

 

Esses fatores são algumas das ferramentas que permitem que o alimento seja transportado sem causar danos no produto, diminuindo as perdas nas gôndolas do mercado.

 

A contaminação dos alimentos no transporte ocorre com muita facilidade. Por exemplo, um fruto sadio que foi ferido de alguma maneira está suscetível a contaminação por fungos e bactérias, que irão decompor o fruto até a hora de ele chegar ao seu destino. Quanto maior a quantidade de frutos danificados, maior é a população do patógeno e sua disseminação.

 

Basta uma carreta ou uma caixa de transporte não limpas da maneira correta para que se tornem uma fonte de disseminação de doenças nos produtos transportados.

 

Por isso, a aplicação de processos de limpeza, a utilização de materiais corretos e seguir padrões de qualidade de transporte garantem mais chances da fruta chegar no mercado sem amassados, da verdura chegar sem as folhas queimadas e dos legumes terem mais vida de prateleira.

 

Para evitar que as frutas não sofram danos no transporte, deve-se:

 

Sempre respeitar a quantidade máxima de fruto por caixa;

Utilizar as proteções de isopor para evitar que as frutas amassem;

Fazer o transporte sempre nos horários mais frios do dia, pois o calor e a luz direta do sol podem influenciar negativamente na maturação e estrutura dos frutos.

 

Outro fator essencial é não misturar vários tipos de frutas no mesmo baú, porque isso pode afetar a maturação do fruto, diminuindo muito a sua vida de prateleira por conta da concentração de Etileno no ambiente.

 

Etileno é um hormônio vegetal responsável pela maturação de frutos, produzido pela própria fruta enquanto ela respira. Existem dois tipos de frutos, climatéricos e não climatéricos, mas o que são esses tipos de frutos?

 

Frutos Climatéricos

São frutos que têm um aumento na taxa respiratória após a colheita, liberando etileno, o hormônio responsável pela maturação dos FLVs. Frutos climatéricos podem ser colhidos antes do ponto de maturação, pois continuarão amadurecendo após a colheita.

 

Frutos Não Climatéricos

São frutos que não maturam após a colheita. A taxa respiratória é constante e muito baixa, e um fruto não climatérico, se colhido muito antes do tempo, pode até apodrecer antes de estar maduro.

 

Por esses fatores não se deve misturar frutos diferentes no mesmo ambiente, pois o Etileno liberado pode amadurecer frutos que não eram para amadurecer, e até aceleram a maturação de frutos climatéricos, podendo comprometer a vida e qualidade dos produtos transportados.

 

Agora que você já sabe sobre as condições ideais de transporte de alimentos de origem vegetal, vamos ver como deve ser o armazenamento de FLVs. 

 

Leia também:

Evolução do PNCRC

Indústria 4.0

 

Armazenamento correto de FLVs

O armazenamento correto das frutas, legumes e verduras pode ser o fator que define se o produto colhido vai chegar ao consumidor final com qualidade. Quanto tempo ele dura armazenado? Quanto tempo ele vai ficar exposto nas prateleiras? Ele será vendido maduro?

 

Por isso, métodos de controle de maturação são utilizados para facilitar o armazenamento, evitar perdas e garantir uma boa vida de prateleira para os frutos. Dentre as técnicas utilizadas estão:

 

Atmosfera controlada

Baixo nível de oxigênio e alta concentração de CO2 restringem a respiração dos frutos e, portanto, há uma menor produção de Etileno. Podem ser utilizados gases inibidores de etileno e outros hormônios sintéticos.

 

Temperatura controlada

Em baixas temperaturas a atividade celular é menor, o que auxilia no controle da respiração dos frutos, diminuindo a produção de Etileno.

 

São estas questões que permitem que sempre encontremos maçãs, abacaxis, abacates, entre outros FLVs o ano todo no mercado. O objetivo dessas técnicas é interromper a maturação dos frutos, garantindo que um fruto de clima frio e de produção anual esteja disponível o ano todo nos mercados, e garantir que legumes e verduras estejam na qualidade ideal para comercialização e consumo. 

 

Seguir esses padrões de transporte e armazenamento possibilita maior conhecimento dos produtos comercializados, mais segurança para venda, e evita perdas financeiras e recall de produtos. 

 

Até a próxima! 

 

Saiba mais sobre: 

Contaminação de alimentos: Perigo invisível

Combatendo o perigo invisível

Giulianno Zanesco
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